Cavaquista sai do manicómio.
Esta tarde apareceu no bar novo da flul esta figura muito estranha. No seu delírio aparentemente quotidiano, trazia ao pescoço um cachecol laranja e colado na testa um autocolante da campanha do PSD. Creio que o cachecol bastaria para o pobre homem demonstrar o seu gáudio pela vitória nas eleições de ontem. Ser-se apoiante do PSD e do Cavaquinho já é prova suficiente de perturbação mental, acho que não era preciso o autocolante na testa como agravante de insanidade bruta.
Sentou-se o estranho velhinho a tomar café, enquanto fumava um cigarro virado para a palma da mão (tentei em vão imitar esta invulgar maneira de pegar no cigarro). Poisou o cigarro na chávena e tirou do bolso uma centena de papéis amarrotados, entretendo-se a dobrá-los freneticamente antes de os devolver à algibeira, onde também constava um saco que me pareceu conter uma dose avultada das "substâncias ilícitas" que são agora oficialmente proibidas de fumar naquele recinto.
Um colega tentou alertá-lo para o facto de ele ter um autocolante na testa. O velho grunhiu qualquer coisa, aparentemente recusando a valiosa informação. Abandonou, talvez incomodado, o bar novo e vim mais tarde a saber que foi avistado na estação do Marquês de Pombal. O autocolante permanecera na sua testa. Seguramente todos os lisboetas que se cruzaram com ele ganharam qualquer coisa sobre que falar ao jantar.
A era Cavaco ainda não começou nem há 24 horas, e os cavaquistas já começaram a sair do manicómio...